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10 comidas típicas de Lisboa imperdíveis (e onde prová-las)

 

Sendo a principal cidade de Portugal, Lisboa é, como seria de esperar, a capital culinária do país. A cozinha lisboeta é um mosaico de várias culturas, moldada por uma longa história de viagens e rotas de comércio mundial. Esta mistura criou uma cultura gastronómica profundamente enraizada na tradição, mas que não deixa de inovar, à medida que novas pessoas chegam à cidade e os portugueses trazem influências de diferentes partes do mundo.

Desde a chegada dos romanos até as conquistas mouriscas, cada época deixou a sua marca nas práticas culinárias de Lisboa. Os romanos introduziram as azeitonas e o azeite, ingredientes centrais na cozinha portuguesa até hoje. Os mouros, governando do século VIII ao XII, trouxeram uma variedade de novos ingredientes, como laranjas, limões e açafrão, juntamente com técnicas culinárias que tiveram um impacto significativo nos hábitos alimentares locais.

A Era dos Descobrimentos, a partir do século XV, transformou ainda mais a paisagem culinária de Lisboa. Os marinheiros voltaram de novos mundos com especiarias como canela e pimenta, e plantas como tomates e batatas, que foram gradualmente incorporadas na cozinha local. No entanto, a importação mais significativa foi o bacalhau, que se tornou a base de inúmeros pratos tradicionais portugueses, ganhando assim o apelido “o fiel amigo”.

Foto de capa de April Everyday

 

a blackboard sign next to a rock wallImagem cortesia de Descubra Lisboa

 

A gastronomia de Lisboa, similar a outras regiões de Portugal, é caracterizada pela sua simplicidade e pela importância que dá à frescura dos ingredientes. Na nossa capital, as refeições costumam girar em torno de peixe, graças à proximidade da cidade com o Oceano Atlântico. Pratos icónicos como sardinhas assadas (disponíveis apenas sazonalmente, nos meses mais quentes), bacalhau nas suas variadas abordagens e a caldeirada de peixe (na foto abaixo) refletem a ligação próxima dos habitantes da nossa cidade com o mar, que tem sido uma fonte de sustento ao longo dos séculos.

 

a bowl of food on a plateImagem cortesia de Continente Feed

 

Os métodos de cozinha em Lisboa frequentemente envolvem grelhar ou assar, técnicas que honram os sabores naturais dos ingredientes sem os ofuscar. Embora os portugueses tenham percorrido o globo com ambições de dominar o comércio mundial de especiarias, hoje em dia, as especiarias são usadas em conta e medida na cozinha portuguesa, com o objetivo de realçar e não dominar os pratos.Outro marco do panorama gastronómico de Lisboa são as pastelarias, que são famosas por bolos históricos como os pastéis de nata, mas que na realidade oferecem muito mais, tanto doces quanto salgados. Além do que servem e vendem, as pastelarias locais funcionam como lugares centrais da vida diária de muitos lisboetas, que usam as pausas para o café e as refeições para conviver com vizinhos, passar tempo de qualidade com amigos e família, e relaxar ao desfrutar dos prazeres de comer e partilhar comida com quem se gosta.

Ao explorarmos os pratos que definiram a identidade gastronómica de Lisboa, torna-se evidente que a comida da nossa cidade é um reflexo da sua história diversificada, uma história que estamos ansiosos para partilhar consigo pessoalmente durante o nosso Passeio Raízes de Lisboa, Gastronomia e Cultura.

 

a plate of foodImagem cortesia de Sr. Bacalhau

 

1. Pataniscas de bacalhau

As pataniscas de bacalhau estão ligadas ao legado marítimo de Portugal. Originárias da Era dos Descobrimentos, há cerca de 500 anos, quando os marinheiros portugueses navegavam pelo globo, o bacalhau salgado tornou-se um alimento essencial devido à sua longa vida útil – falámos aqui detalhadamente sobre a nossa obsessão nacional com o bacalhau. Inicialmente criadas a partir de sobras de bacalhau misturadas com ingredientes comuns como farinha, ovos e salsa, as pataniscas eram uma solução prática para uma refeição saciante que podia ser facilmente partilhada e consumida à mão. Ao longo dos séculos, a receita sofreu pequenas adaptações, como a inclusão de cebola, mas a essência do prato permaneceu maioritariamente inalterada.

O primeiro registo que existe da patanisca moderna data do século XIX. Em 1982, a reconhecida autora culinária Maria de Lourdes Modesto destacou a sua importância no seu livro Cozinha Tradicional Portuguesa, destacando as suas raízes na região da Estremadura e a sua forte associação com Lisboa.

Diferentes dos pastéis de bacalhau com formato oval, as pataniscas são fritos de bacalhau achatados conhecidos pelo seu exterior crocante. Quando consumidas à refeição, como é mais comum hoje em dia nos restaurantes tradicionais de Lisboa, são geralmente servidas com um acompanhamento de arroz malandrinho de feijão. A chave para a sua textura única é a massa, que deve ser leve mas firme o suficiente para conter os pedaços de bacalhau. Cada garfada oferece uma mistura de sabores salgados com subtis notas de salsa e um fundo adocicado de cebola, tornando-as saciantes e, se falarmos por experiência própria, até um pouco viciantes! Este é um prato de conforto muito apreciado, frequentemente consumido em tascas locais, e se visitar uma da velha guarda, pode ser que ainda consiga comer uma sandes de patanisca, para confortar o estômago entre as refeições principais. Se vir por aí este tipo sanduíche, aproveite a oportunidade, pois as sandes de pataniscas estão cada vez mais a tornar-se uma raridade na nossa cidade e, pessoalmente, gostamos muito delas!

Onde provar as melhores pataniscas de bacalhau em Lisboa:
A Merendinha do Arco Bandeira

Um dos poucos locais na cidade onde ainda há sandes de patanisca disponíveis todos os dias.

📍Rua dos Sapateiros 230, 1100-581 Lisboa

https://merendinhadoarco.pt/en/ementa

 

O Poleiro

Desde os anos 80 a deliciar os clientes com pataniscas acabadas de fritar.

📍Rua de Entrecampos 30 – A, 1700-158 Lisboa

http://opoleiro.com/eng/index.php

 

Varina da Madragoa

Servem pataniscas de bacalhau tradicionais e, para aqueles que desejam experimentar uma interpretação mais contemporânea desta receita histórica, também têm pataniscas de polvo.

📍Rua Madres 34, 1200-109 Lisboa

https://lojascomhistoria.pt/shops/varina-da-madragoa?lang=en

 

a close up of food on a plateImagem cortesia de NIT

 

2. Bacalhau à Brás

O bacalhau à Brás é um prato essencial do repertório culinário de Lisboa. Diz-se que foi inventado por um proprietário de taberna chamado Brás, no movimentado bairro do Bairro Alto. Originalmente concebido para aproveitar sobras, o prato combina bacalhau desfiado com batata palha crocante, ligado com ovo. Esta era provavelmente uma forma económica de as tabernas utilizarem partes menos apreciadas do bacalhau, transformando-as assim numa boa refeição para os seus clientes.

Ao longo dos anos, o bacalhau à Brás sofreu variações subtis, e a técnica à Brás, que consiste em misturar ingredientes à escolha com batata palha frita, cebolas e uma quantidade generosa de ovos batidos, é hoje usada com outros ingredientes, embora numa medida muito menor que o bacalhau. Não se surpreenda se, ao consultar um menu português, encontrar camarão à Brás, alho francês à Brás (uma versão vegetariana), ou mesmo tofu à Brás (a escolha preferida dos veganos). Mas, acima de tudo, o bacalhau à Brás ainda se mantém como um bom exemplo da versatilidade do bacalhau, que  há séculos vem a ser um ingrediente essencial da dieta nacional.

O prato começa com a dessalga do bacalhau, que é depois desfiado em tiras finas. As batatas são palitadas finamente e fritas até ficarem douradas e crocantes, criando um contraste irresistível de texturas quando misturadas com o peixe lascado. Os ingredientes são delicadamente combinados com ovos batidos, cozinhados apenas até estarem prontos, mas não completamente firmes, criando uma mistura cremosa. O bacalhau à Brás é tradicionalmente guarnecido com azeitonas pretas e salsa fresca picada para dar um toque de frescura.

O bacalhau à Brás evoluiu das suas origens humildes até tornar-se um dos pratos mais emblemáticos de Lisboa. Embora seja essencialmente uma receita despretensiosa, encontrada em estabelecimentos do dia-a-dia e até em tascas, os chefs de cozinha mais requintada em Lisboa também tentam aprimorá-la. Versões notáveis e certamente mais refinadas deste prato incluem o “bacalhau à Brás com azeitonas explosivas”, criado pelo chef José Avillez para o Cantinho do Avillez (Rua Duques de Bragança 7), bem como a “calçada de bacalhau” do chef Henrique Sá Pessoa, para o restaurante Alma (Rua Anchieta 15), com estrela Michelin. Quando os melhores chefs do país fazem questão de criar a sua versão única da receita, sabe-se que estamos a falar de um dos pratos mais icónicos da cidade!

 

Onde experimentar uma dose tradicional de bacalhau à Brás em Lisboa:
Petiscaria no Mercado de Campo de Ourique

Receita de Vitor Sobral, considerado o pai da modernização da gastronomia tradicional portuguesa, no primeiro mercado em Lisboa com praça de restauranção, iniciativa pioneira em 2013 e desde então frequentando sobretudo por residentes nacionais. Se quiser provar ainda mais da comida portuguesa num só dia, junte-se à nossa Lisbon Market – Food & Cultural Walk, que inclui a degustação deste maravilhoso bacalhau à Brás feito no momento para os nossos clientes.

📍R. Coelho da Rocha 104, 1350-075 Lisboa

Mercado de Campo de Ourique

 

Laurentina – O Rei do Bacalhau

Se só vai comer bacalhau num restaurante em Lisboa, quer opte pelo Brás ou outras receitas típicas, vá à Laurentina. Garantimos que não vai ficar desiludido.

📍Av. Conde Valbom 71A, 1050-067 Lisboa

www.restaurantelaurentina.com

 

Fidalgo

Coma bacalhau à Brás no Bairro Alto, a zona da cidade onde o prato foi inventado.

📍Rua da Barroca 27, 1200-047 Lisboa

www.restaurantefidalgo.com

 

Tapisco

Também liderado pelo chef Henrique Sá Pessoa, o bacalhau à Brás do Tapisco (aqui fotografado) é mais cremoso que a média. Não é como o que encontrará no Alma, mas também é delicioso e bastante mais acessível.

📍Rua Dom Pedro V 81, 1250-096 Lisboa

www.tapisco.pt

 

a dish is filled with foodImagem cortesia de Adriao on Wikipedia

 

3. Meia desfeita de bacalhau

A meia desfeita de bacalhau, muitas vezes simplesmente abreviada para meia desfeita, consiste em bacalhau salgado desfiado misturado com grão-de-bico, normalmente temperado com azeite, vinagre, alho e, por vezes, cebola. Pode ser adicionada salsa ou coentros para dar frescura, sendo que ovos cozidos também são frequentemente usados neste prato. Uma das particularidades da meia desfeita é que pode ser consumida tanto como aperitivo quanto como prato principal, e pode ser desfrutada fria ou à temperatura ambiente, o que a torna ideal para os meses mais quentes, ou pode ser servida quente, adequando-se assim também às estações mais frias.

A meia desfeita não deve ser confundida com bacalhau com grão. Embora ambos os pratos incluam o peixe salgado e grão-de-bico, o bacalhau com grão também inclui outros elementos como batatas e cenouras, e é sempre servido quente, sendo assim um dos pratos de conforto mais apreciados em Portugal durante o inverno.

A meia desfeita é um prato muito prático que, tal como as pataniscas e o bacalhau à Brás mencionados acima, faz bom uso dos ingredientes típicos da cozinha portuguesa. Estes ingredientes estão entre os nossos favoritos há séculos, conservando-se bem mesmo antes da era da refrigeração. É uma comida simples, mas isso não significa que seja menos saborosa ou nutritiva do que pratos mais elaborados. Na verdade, serviu como fonte de energia para a classe trabalhadora que frequentava as primeiras tabernas de Lisboa em bairros típicos como Alfama, Mouraria e Madragoa, onde ainda hoje alguns estabelecimentos mais simples fazem questão de a servir.

Curiosamente, quando olhamos para a história, pratos como a meia desfeita representam a mistura do Velho Mundo (Europa) e do Novo Mundo (Américas). O seu principal ingrediente, o grão-de-bico, embora agora visto como português, foi introduzido na Europa a partir do Médio Oriente e, a partir daí foi sendo introduzido em pratos locais como este, lembrando-nos assim das rotas comerciais históricas e do seu impacto na cozinha portuguesa. Por outro lado, o bacalhau veio inicialmente da América do Norte, da área que é hoje o Canadá, influenciando este um prato que não poderia existir em Portugal se a troca de culturas e as rotas comerciais não tivessem impactado a nossa culinária da forma como sabemos que fizeram. Gostamos muito de entender como a comida é uma manifestação de uma jornada histórica e culinária, jornada essa que continua a afetar a identidade gastronómica da nossa cidade.

 

Onde provar uma boa meia desfeita em Lisboa, como nos bons velhos tempos:
Restaurante D’Bacalhau

Neste restaurante todo ele dedicado ao bacalhau, terá a oportunidade de provar muitos pratos de bacalhau, incluindo meia desfeita.

📍Zona Ribeirinha Norte, Rua da Pimenta 45, 1900-254 Lisboa

https://restaurantebacalhau.com

 

Café O Corvo

Um petisco clássico, num restaurante pitoresco que sabe como misturar pratos tradicionais com um toque mais contemporâneo.

📍Largo dos Trigueiros 15a 15b, 1100-611 Lisboa

www.instagram.com/cafeocorvo

 

By The Wine

Num dos melhores bares de vinho de Lisboa, poderá saborear um copo do seu vinho preferido enquanto prova petiscos portugueses como meia desfeita de bacalhau.

📍Rua das Flores 41 43, 1200-193 Lisboa

https://bythewine.pt/index.html

 

a close up of a pile of friesImagem cortesia de Mulher Portuguesa

 

4. Peixinhos da horta

Peixinhos da horta é um nome bem divertido que descreve de forma inteligente a aparência deste petisco em vez do seu conteúdo. Este aperitivo tradicional português consiste em feijão verde mergulhado em polme e frito até ficar crocante. O resultado é um snack delicioso que se assemelha a pequenos peixes fritos, daí o nome, mas que na verdade é um dos poucos pratos vegetarianos da cozinha tradicional portuguesa.

Os peixinhos da horta são feitos com um polme simples de farinha, água, sal e, por vezes (nas cozinhas mais modernas), um toque de alho ou cebola em pó para dar ainda mais sabor. São servidos quentes e crocantes, muitas vezes apenas com um pouco de limão para realçar o sabor do feijão verde. Em restaurantes portugueses mais contemporâneos, os peixinhos da horta evoluíram para se adequarem a um paladar mais moderno, sendo frequentemente servidos com uma variedade de molhos, como maionese de alho ou ervas, que complementam lindamente o petisco. Os peixinhos da horta não querem saber de classes. Este é o tipo de petisco que se encontra tanto em tascas de bairro, como em bares mais na moda que servem entradinhas, e até como prato principal, geralmente acompanhado por arroz malandrinho nos restaurantes.

A ligação histórica entre os peixinhos da horta e a tempura japonesa é um exemplo fascinante de como as interações globais influenciam as práticas culinárias. No século XVI, comerciantes e missionários portugueses chegaram ao Japão, trazendo consigo novas técnicas de cozinha e ingredientes. Entre eles estava o método de fazer peixinhos da horta, que representava uma forma saciante de comer legumes nos dias de jejum que a fé cristã impunha, o que significava abster-se de carne, não de comida no geral. Ao longo dos séculos, os japoneses adaptaram esta técnica aos ingredientes locais, criando o que o mundo agora conhece como tempura. Este intercâmbio culinário destaca o impacto dos exploradores portugueses na culinária global, introduzindo técnicas de polme e fritura no Japão, entre muitas outras influências que os portugueses tiveram nas cozinhas do mundo.

 

Petisque peixinhos da horta em Lisboa em:
Tascardoso

No coração da cidade, no animado bairro do Príncipe Real, este é um bom local para ir beber um um copo de vinho, acompanhado de peixinhos da horta e outros saborosos petiscos portugueses.

📍Rua de O Século 242, 1250-095 Lisboa

www.facebook.com/tascardoso

 

As Velhas

Abra o apetite com uns peixinhos da horta e desfrute dos ótimos pratos servidos neste restaurante tradicional português.

📍Rua da Conceição da Glória 21, 1250-079 Lisboa

www.instagram.com/asvelhaslisboa

 

Coelho da Rocha

Adoramos o bairro de Campo de Ourique, e este é um dos nossos restaurantes favoritos por lá, para peixinhos da horta e muito mais.

📍Rua Coelho da Rocha 104, 1350-075 Lisboa

https://coelhodarocha.eatbu.com

 

a plate of foodImagem cortesia de VortexMag

 

5. Iscas com elas

Em Portugal, entende-se que as iscas são, por defeito, servidas com batatas cozidas, destinadas a absorver o molho do fígado, cozinhado em lume brando em azeite, com muita cebola. Embora as batatas fiquem boas, a estrela deste humilde mas excelente prato é o fígado (geralmente de porco ou vitela) finamente fatiado, marinado em vinho branco, alho, louro e, por vezes, um toque de vinagre para suavizar a carne e realçar os seus sabores. Para melhores resultados, a carne é deixada na marinada durante a noite, e no dia seguinte, as iscas são fritas em lume brando, garantindo que permanecem tenras e suculentas q.b. para transformar umas simples batatas cozidas num pano de fundo de todos esses sabores incríveis.

As origens das iscas com elas podem ser rastreadas até às tabernas locais e cozinhas familiares de Lisboa, onde as refeições económicas e nutritivas eram essenciais. O fígado, sendo rico em nutrientes e relativamente barato, tornou-se uma escolha popular. A adição de batatas, um alimento comum na dieta portuguesa desde a sua introdução no século XVI, equilibrava o sabor forte do fígado, criando um prato favorecido pela classe trabalhadora. Se as iscas com elas era e ainda é servido como uma refeição principal, antigamente, os vendedores ambulantes também vendiam sandes de iscas, algo semelhante a uma bifana mas com fígado de porco em vez de outros cortes nobres de carne. Hoje em dia, no entanto, este tipo de sande é praticamente impossível de encontrar, pois infelizmente as gerações mais jovens e mais abastadas associam frequentemente o fígado a uma refeição mais pobre. Mas, na verdade, é super saboroso quando bem cozinhado, certamente que não fica duro e é indubitavelmente nutritivo. Muitas vezes, verá iscas apresentadas como um petisco ou aperitivo em estabelecimentos tradicionais, neste caso destinadas a ser comidas como entrada, e geralmente sem as “elas”, ou seja, sem acompanhamento de batatas.

Curiosamente, este prato está frequentemente associado às casas tradicionais de Fado de Lisboa, onde seria servido pela noite adentro a fadistas e clientes, aconchegando o estômago durante as performances noturnas. Infelizmente, hoje em dia, a maioria das casas de Fado têm menus mais caros, pois atendem principalmente a turistas e querem aumentar os seus preços para ganhar mais com esta clientela. Mas, acredite em nós e não deixe que um certo estatuto associado a um prato o engane: as iscas são deliciosas, e se se interessa por história da comida, as suas explorações gastronómicas de Lisboa não estarão completas sem as provar.

 

Abrace a tradição e coma iscas em Lisboa em:
Das Flores

Esta pequena tasca no coração do Chiado é um tesouro para experimentar iscas e muitos outros pratos tradicionais de Lisboa e de outras partes de Portugal. Aqui pode escolher se quer as suas “elas” cozidas ou fritas.

📍Rua das Flores 76 78, 1200-195 Lisboa

 

Zé da Mouraria

Embora este restaurante tenha ganho fama devido às doses de bacalhau enormes e bem cozinhadas, as iscas do Zé da Mouraria também são de comer e chorar por mais.

📍Rua João do Outeiro 24, 1100-292 Lisboa

www.instagram.com/ze_da_mouraria

 

Tasca do Gordo

Encontrará aqui iscas mas com o nome de iscas à Portuguesa, como são geralmente referidas fora de Lisboa.

📍Rua dos Cordoeiros a Pedrouços 33, 1400-071 Lisboa

www.facebook.com/tascadogordo

 

a bowl of food on a stoveImagem cortesia de Ave Dourada

 

6. Amêijoas à Bulhão Pato

A preparação das amêijoas à Bulhão Pato começa com a seleção das amêijoas mais frescas possíveis. As amêijoas são cuidadosamente limpas para remover qualquer areia ou sujidade. Numa grande panela, o alho é salteado em azeite até ficar aromático, e se seguida juntam-se as amêijoas. Junta-se um pouco de sumo de limão, e deixa-se o tacho em lume brando até as amêijoas abrirem, libertando os seus sucos naturalmente salgados que se misturam com os outros ingredientes para criar um molho rico e saboroso. Veja aqui a nossa receita completa! Em versões contemporâneas desta receita, a acidez pode ser intensificada substituindo o limão por vinho branco, ou adicionando um pouco de vinho ao sumo de limão, mas a receita original confiava apenas no potencial do citrino. Coentros frescos são polvilhados sobre as amêijoas logo antes de servir, adicionando alguma frescura que complementa a acidez do limão. O prato é normalmente servido com pão torrado, muitas vezes generosamente barrado com manteiga, que se usa para absorver o molho irresistível que acompanha as amêijoas.

As amêijoas à Bulhão Pato foram assim batizadas por causa do poeta português do século XIX, Raimundo António de Bulhão Pato, que era um entusiasta deste prato. Curiosamente, o poeta tornou-se mais conhecido pelos seus gostos culinários do que pelo seu trabalho literário. Embora toda a gente em Portugal conheça este prato de amêijoas, é intrigante considerar quantos realmente leram a sua poesia. Os escritos do poeta refletiam frequentemente o seu amor pelos prazeres simples da cozinha portuguesa, e acredita-se que os seus amigos deram o nome deste prato de amêijoas em sua homenagem, para honrar a sua paixão pela boa mesa.

Encontrará amêijoas à Bulhão Pato numa variedade de estabelecimentos de restauração por toda Lisboa e Portugal, desde tascas simples até restaurantes de marisco sofisticados. Este prato é, de longe, a forma mais popular de consumir amêijoas em Portugal.

 

Peça amêijoas à Bulhão Pato e uma garrafa de vinho verde gelado e seja tão feliz quanto possível a comer em Lisboa em:
Ramiro

Um dos restaurantes de marisco mais populares de Lisboa e por boa razão. Comece com umas amêijoas à Bulhão Pato, mas não se deixe ficar só por aí.

📍Avenida Almirante Reis  1H, 1150-007 Lisboa

www.instagram.com/cervejariaramiro

 

Cervejaria Sem Vergonha

Em Portugal, sabemos que as cervejarias são estabelecimentos onde de facto se serve cerveja mas o foco é principalmente o marisco. Então, agora que também sabe disso, aproveite ao máximo na Cervejaria Sem Vergonha, com uma boa dose de amêijoas à Bulhão Pato.

📍Av. de Santa Quitéria 38 D, 1200-762 Lisboa

www.instagram.com/cervejariasemvergonha

 

Cervejaria Liberdade

Este estabelecimento oferece uma abordagem sofisticada ao prato clássico e serve-o num ambiente elegante.

📍Avenida da Liberdade 185, 1250-096 Lisbon

www.instagram.com/cervejarialiberdade

 

a plate of food on a tableImagem cortesia de Evasões

 

7. Ovos verdes 

Os ovos verdes são um aperitivo clássico encontrado em todo Portugal, especialmente popular nas tascas de Lisboa e alguns restaurantes que privilegiam os pratos tradicionais muitas vezes negligenciados no panorama gastronómico mais mainstream da nossa cidade. Este prato consiste em ovos cozidos que são cortados ao meio e recheados com uma mistura das gemas de ovo, salsa e, por vezes, outras ervas aromáticas e cebola. As metades dos ovos recheados são depois mergulhadas em ovo batido e pão ralado, e fritas até ficarem douradas e crocantes. O resultado é um delicioso contraste de recheio cremoso e revestimento crocante, oferecendo a versão portuguesa do que o mundo em geral conhece como deviled eggs ou que também poderíamos relacionar com os ovos escoceses (Scotch eggs).

Embora a origem exata dos ovos verdes não esteja bem documentada, reflete a tradição mediterrânica mais ampla de confecionar alimentos recheados e fritos, demonstrando a influência de várias culturas na nossa cozinha. Na cozinha portuguesa moderna, os ovos verdes podem ser servidos com um molho a acompanhar, embora nos locais mais tradicionais isto não aconteça, pois o prato é mais simples. Tradicionais ou modernos, os ovos verdes são um petisco vegetariano simples mas super saboroso que gostaríamos de ver mais frequentemente nos restaurantes de Lisboa.

 

Para experimentar ovos verdes em Lisboa, visite:
Chiringuito

Se gosta de boa comida caseira servida em ambiente familiar como se estivesse em casa, sua ou de amigos, então vale a pena a ida ao Chiringuito em Campo de Ourique, cujo um dos pratos a fazer lembrar a cozinha com tempo das nossas avós são exactamente os ovos verdes servidos com arroz de tomate malandrinho. Tal como a dica que lhe deixámos para o bacalhau à Brás, se num só dia em Lisboa gostaria de experimentar vários pratos tradicionais e ficar a conhecer vários restaurantes junte-se à nossa  Lisbon Market – Food & Cultural Walk para os provar, além de outras degustações.

📍R. Correia Teles 31, 1350-093 Lisboa

www.facebook.com/chiringuitolisboa

 

Tasca do Mercado

Se gosta de comer em mercados, dirija-se à Tasca do Mercado e peça, entre outros pratos deliciosos, uns ovos verdes.

📍Mercado de Arroios, Rua Ângela Pinto loja 25, 1900-068 Lisboa

www.tascadomercado.pt

 

Restaurante Zanzibar

Ao contrário da maioria dos restaurantes, o Zanzibar serve ovos verdes como refeição principal, com um acompanhamento de salada de legumes e batata com maionese, semelhante à popular salada Russa.

📍Praça da Armada 36, 1350-027 Lisboa

www.instagram.com/zanzibar.restaurante

 

Frutalmeidas

Embora tecnicamente seja uma loja de fruta, o Frutalmeidas também tem um snack bar com ótimos petiscos, tais como ovos verdes, outros fritos (os pastéis de massa tenra do Frutalmeidas são icónicos!) e, como seria de esperar, sumos de fruta.

📍Av. de Roma 45, 1700-342 Lisboa

https://frutalmeidas.pt

 

a bowl of food on a plateImagem cortesia de Evasões

 

8. Bife à Marrare

O bife à Marrare é uma especialidade de Lisboa nomeada após António Marrare, um imigrante italiano que estabeleceu um dos cafés mais famosos de Lisboa no século XIX. O café de Marrare, chamado Marrare das Sete Portas, tornou-se conhecido pelo seu excepcional bife preparado num estilo único que desde então se tornou um pilar da cozinha portuguesa, embora hoje em dia nem sempre seja referido como Marrare.

O bife à Marrare consiste num corte de carne de alta qualidade, tipicamente do lombo, que é temperado e grelhado ao gosto do cliente. O que distingue este prato é o molho, uma mistura rica e cremosa feita de manteiga, alho, natas, mostarda e, por vezes, um toque de vinho branco ou brandy. Este molho é vigorosamente batido até ficar suave e aveludado, e depois vertido sobre o bife acabado de grelhar, mesmo antes de servir. Os acompanhamentos incluem tipicamente batatas fritas e uma salada mista ligeiramente temperada.

O prato manteve-se popular nos restaurantes de Lisboa, muitas vezes considerado um destaque da cozinha portuguesa. Não se surpreenda se não vir o nome Marrare impresso com frequência nos menus de Lisboa. É mais provável que este estilo de bife com molho seja referido como bife à café, que alguns podem erroneamente pensar que significa bife com molho de café, quando na verdade significa bife cozinhado ao estilo do café onde é servido, mas que na realidade costuma ser bastante padrão em diferentes estabelecimentos.

 

Delicie-se com um suculento bife à Marrare ou bife à café nestes restaurantes de Lisboa:
Café de São Bento

Famoso pelos bifes, o Café de São Bento oferece um bife à Marrare clássico, conhecido por ser um dos melhores da cidade.

📍Rua de São Bento 212, 1200-821 Lisboa 

www.instagram.com/cafedesaobento

 

Brilhante

O destaque do seu menu é o bife à Brilhante, uma homenagem ao clássico bife à Marrare.

📍Rua Moeda 1H, 1200-275 Lisboa

www.instagram.com/restaurantebrilhante.pt

 

Café Império

Se gosta de carne e vai estar por Lisboa algum tempo, mais cedo ou mais tarde acabará por visitar este restaurante, e por boas razões.

📍Av. Alm. Reis 205 A, Lisboa

www.cafeimperio.pt

 

a bowl of food on a plateImagem cortesia de CM Mafra

 

9. Mão de vaca com grão

A mão de vaca com grão é um prato da culinária portuguesa bastante apreciado. As suas origens estão profundamente enraizadas na tradição portuguesa de utilizar todas as partes do animal, refletindo tanto a prudência económica quanto um profundo respeito pelos recursos alimentares. O prato também é conhecido localmente como meia-unha, o que significa que é tipicamente servido com metade de uma pata de vaca, incluindo o casco.

Este prato, embora usualmente associado à culinária de Lisboa, teve origem bem perto, no paraíso culinário de Mafra. Combina a textura rica e gelatinosa das patas de vaca com o sabor robusto do grão-de-bico. Preparar mão de vaca com grão envolve passos meticulosos para garantir um sabor rico e uma textura tenra. As patas de vaca são cuidadosamente limpas e depois cozidas lentamente durante várias horas com cebolas, alho e uma mistura de especiarias. À medida que a carne se torna tenra e começa a desprender-se do osso, adiciona-se grão-de-bico juntamente com um pouco de tomate, e por vezes um pouco de vinho branco ou vinagre, para criar um guisado saboroso.

A mão de vaca com grão é particularmente popular durante os meses mais frios, quando uma refeição reconfortante e rosbusta é mais apreciada. É tradicionalmente desfrutado com pão, perfeito para absorver o delicioso molho, e um copo de vinho tinto, realçando a natureza reconfortante e aconchegante da refeição.

 

Agarre uma boa dose de mão de vaca com grão em Lisboa em:
Floresta das Escadinhas

Esta área está a tornar-se cada vez mais turística a cada dia que passa, no entanto, o este restaurante mantém-se fiel às autênticas receitas portuguesas de antigamente. Um verdadeiro tesouro para uma refeição tradicional no centro de Lisboa!

📍Rua de Santa Justa 3, 1100-483 Lisboa

www.instagram.com/florestadasescadinhas

 

A Tasca do Tretas

Venha viver o ambiente típico de uma tasca lisboeta, enquanto mata a fome com uma dose de mão de vaca com grão.

📍Rua Carlos Mardel 115A, 1900-015 Lisboa

www.facebook.com/atascadotretas

 

Os Courenses

Os amantes da comida de tacho que desejem explorar os sabores mais reconfortantes de Portugal, vão adorar este restaurante.

📍Rua José Duro 27D, 1700-272 Lisboa

www.facebook.com/p/Restaurante-Os-Courenses-oficial-100057354733558

 

a tray of foodImagem cortesia de Nat’elier

10. Pastéis de nata

Os pastéis de nata são, sem dúvida, os bolos mais celebrados de Portugal. As suas origens oficiais remontam ao século XVIII no Mosteiro dos Jerónimos, na freguesia de Belém em Lisboa. Segundo a tradição, os monges no mosteiro usavam claras de ovo para engomar as suas roupas e utilizavam as gemas de ovo que sobravam para fazer pastéis e bolos, levando à criação de várias sobremesas com muitos ovos, do apreciado repertório de doces conventuais portugueses, incluindo estes pastéis ricos e cremosos. Quando o mosteiro foi fechado após a Revolução Liberal de 1820, a receita foi vendida a uma refinaria de açúcar, cujos proprietários abriram a Fábrica de Pastéis de Belém em 1837. Os descendentes dos proprietários originais ainda possuem a padaria hoje, e a receita original permanece um segredo bem guardado, conhecido apenas por um número muito reduzido de pessoas, garantindo que os Pastéis de Belém mantenham o seu sabor e textura únicos.

É importante perceber a diferença entre Pastéis de Belém e pastéis de nata. Enquanto os Pastéis de Belém são apenas aqueles que são confecionados na Antiga Confeitaria de Belém e são de facto uma marca registada, os pastéis de nata são uma receita semelhante (sendo que cada pastelaria faz ligeiras variações de acordo com as suas próprias preferências e técnicas) encontrados por toda Lisboa, por todo Portugal e cada vez mais internacionalmente. Em inglês, os pastéis de nata são tipicamente conhecidos como Portuguese custard tarts e, na Ásia, como dan tat, embora apresentem algumas variações, nomeadamente a massa que envolve o recheio de creme, que na Ásia costuma ser massa quebrada em vez de massa folhada.

Os pastéis de nata são caracterizados pela sua massa folhada estaladiça, recheada com um creme suave e aveludado que é ligeiramente caramelizado por cima. A massa é estendida finalmente e depois enrolada em forma de tubo e depois cortada em pedaços individuais, criando camadas que se separam no forno. O creme é tipicamente feito de leite, gemas de ovo, açúcar, farinha e, por vezes, canela e casca de limão para adicionar um toque subtil ao sabor final. Uma vez montadas, os pastéis são assados a alta temperatura, permitindo que as bordas da massa fiquem crocantes e a superfície do creme forme bolhas e escureça ligeiramente, dando-lhes a sua aparência distintiva e textura irresistível.

Em Portugal, estes pastéis são normalmente comidos ao pequeno-almoço ou lanche, geralmente acompanhados por um café. Podem ser desfrutados com um pouco de canela em pó e açúcar em pó a gosto, sendo que algumas pessoas até as desfrutam de forma bastante peculiar, frequentemente usando a pequena colher do seu café expresso, retirando primeiro o creme à colherada e terminando com a massa folhada em poucas dentadas.

O pastel de nata é o bolo mais famoso de Portugal. Pode encontrar-se em cafés e pastelarias por todo o país, mas nada bate comê-los frescos acabados de sair do forno em lojas dedicadas exclusivamente a pastéis de nata, tais como:

Pastéis de Belém

Algumas pessoas acreditam que aqui servem os melhores pastéis de nata em Lisboa, enquanto outros acham que já não é bem assim. Seja como for, visitar a Antiga Confeitaria de Belém é, sem dúvida, uma forma de degustar a história do bolo mais icónico de Portugal.

📍Rua de Belém 84 92, 1300-085 Lisboa

https://pasteisdebelem.pt

 

Manteigaria

Com várias lojas em Lisboa (e no Porto também), a Manteigaria dos pastéis de nata mais bem avaliados em Lisboa, de acordo com a opinião popular nacional e internacional.

📍Multiple locations:

https://manteigaria.com/en/as-nossas-fabricas

 

Nat’elier 

Este recém-chegado está a marcar presença num mercado cheio de lojas dedicadas aos pastéis de nata, não só oferecendo o sabor dos tradicionais pastéis de nata portugueses, mas também introduzindo variações de sabores que fundem a especialidade portuguesa com sobremesas de todo o mundo, como tiramisù, crème brûlée e cheesecake de oreo.

📍Rua de Santa Justa 87, 1100-581 Lisboa

https://natelier.pt

 

Esperamos que este passeio culinário tenha despertado o seu apetite e a sua curiosidade sobre a cultura gastronómica de Lisboa. Para mais informações e para continuar a explorar o lado mais delicioso da capital portuguesa connosco, junte-se às nossas experiências culturais e gastronómicas em Lisboa e siga-nos no Instagram! Prometemos continuar a partilhar os melhores sabores, histórias e segredos que a nossa cidade tem para oferecer: @tasteoflisboa #tasteoflisboa

 

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