Ali – Um paquistanês com mão para a cozinha
Foi em Portugal, onde está há 15 anos, que Ali descobriu o talento para a cozinha. Trabalhou durante algum tempo num restaurante na Avenida da Liberdade e garante que as suas quiches de vegetais faziam sucesso. Por agora trabalha na mercearia Ali, mesmo em frente à Igreja de S. Cristóvão, e perante a pergunta ‘O que mais gosta de Portugal’ não tem dúvidas a responder: a simpatia das pessoas.
Apesar de ter nascido no Paquistão, Ali sempre teve curiosidade de conhecer o continente europeu e a descoberta começou pela Alemanha. “Dessa vez fui só conhecer o país, mas um amigo meu, que já estava a morar em Portugal, convidou-me para ir visitá-lo. Foi em 2001”.
Acabou por ficar dois meses e regressou ao Paquistão. Voltou mais tarde porque “gostei muito dos portugueses”, confessa entre risos. “Tenho um negócio no Paquistão, de electrodomésticos, mas estava a ficar muito cansado e Portugal é um país mais calmo”.
Quando regressou da segunda vez deparou-se com o desemprego, o que o obrigou a voltar à Alemanha, onde trabalhou seis meses numa pizzaria. Até que o frio fez com que regressasse a Portugal, onde arranjou trabalho num restaurante. A experiência a trabalhar com pizzas, e as dicas do cozinheiro português do restaurante, ajudaram-no a melhorar a técnica e começou a fazer pratos portugueses, como “feijoada ou bacalhau à Brás”. Quando ao seu prato português preferido, Ali não tem dúvidas: “ah, gosto de tudo o que não tenha porco!” (risos) Mas o seu preferido é o bacalhau à Brás.
No restaurante, onde esteve nove anos, teve carta-branca para experimentar outro tipo de pratos, desde cozinha paquistanesa a indiana, como o caril de frango, mas o prato que tinha mais saída era a sua quiche vegetariana”. “Os clientes gostavam muito, fazia sempre 2 quiches por dia”.
Um dia foi de férias ao Paquistão por um mês, acabou por ficar três meses, e quando voltou já não tinha lugar no restaurante. Foi aí que abriu uma mercearia na Mouraria em 2009, com o seu irmão, e em 2012 abriu um espaço maior e conseguiu trazer a família para Portugal. “Estou há 15 anos em Lisboa e não conheço muito de Lisboa. Só visitei uma vez o castelo. O que gosto mais é mesmo a simpatia dos portugueses”.