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​André Rodrigues Lopes – Sangue novo na Mouraria

O prazer de estar à mesa com amigos levou-o a criar a Table & Friends – jantares temáticos que juntavam caras conhecidas com foodies com um interesse particular por conhecerem pessoas novas. Com o sucesso da iniciativa o André Rodrigues Lopes vendeu a ideia, mudou-se para a Mouraria e está a trabalhar num novo projeto que irá lançar em breve.

Conta-nos um pouco da tua história.
Tenho 29 anos, venho de Santarém, vivo com a minha namorada e antes morávamos em Campo de Ourique porque trabalhava nas Amoreiras. Vendia prédios de escritórios, mas com a crise o volume de vendas arrefeceu muito. Foi nessa altura que comecei a juntar-me aos eventos de empreendedorismo da Beta-i. Fui ao Startup Weekend com um amigo e com uma ideia e saímos de lá com a Table and Friends, uma startup de jantares temáticos. Durante ano e meio organizamos jantares com convidados especiais – pessoas da televisão, empreendedores, escritores -em vários restaurantes de Lisboa. Organizávamos um jantar com uma figura conhecida e as pessoas inscreviam-se para jantar com aquela pessoa, mas também para conhecerem outras pessoas. Hoje a Table & Friends pertence Ezimute, onde estive seis meses, e agora estou a desenvolver um novo projeto que virá para a rua em breve.

Qual a tua relação com a Mouraria?
Agora faço parte dela! Existem três faunas humanas: os estrangeiros, os locais e casais jovens que vêm de fora de outras cidades e acham que esta zona gira para viver (grupo do qual eu e a minha namorada Helena fazemos parte). É um sítio fantástico para viver porque além de ter uma grande exposição solar, tem tudo perto, restaurantes baratos e com boa qualidade (Trigueirinho ou Aziz), podemos beber um café na esplanada do Zambeze ou ir ao teatro ao Taborda, que é quase o meu escritório noturno. Além disso temos a sorte de contar com grupos de pessoas fantásticas como o Movimento de Amigos de São Cristóvão, as pessoas do GABIP que promovem uma comunidade mais coesa com muitas iniciativas de entre as quais destaco a Dedos à Obra que promove a manutenção da habitação degradada para quem não pode pagar.

Como foi mudar de Campo de Ourique para a Mouraria?
Viver aqui é totalmente diferente, estamos numa casa com 300 anos com matriz pombalina, as escadas são íngremes, temos dois vizinhas apenas. São Cristóvão é um micro cosmos, conhecemos os nossos vizinhos mais próximos, há muito mais interação entre as pessoas do que tínhamos em Campo de Ourique.

Tens saudades de organizar eventos à volta da comida?
Claro, mas acabei por trazer isso para outros níveis, com grupos de amigos em que quase todas as semanas organizamos um evento com comida, copos, gente nova e que acaba por ter o mesmo espírito.. Tem a componente online, como a Table e Friends, pois a organização é feita online, mas para trazer as pessoas do online para o offline.

E onde é que se realizam?
Ou em minha casa, ou em casa de amigos ou com a chegada do bom tempo estamos a pensar organizar picnics. No fim-de-semana passado organizámos um no Jardim no meio da Feira da Ladra.

O que se costuma comer?
Há muitos estrangeiros, que na maior parte são vegetarianos, e numa faixa etária dos 25/35 anos. Já chegamos a ter um húngaro a cozinhar Bacalhau à Brás, Goulash e sopa picante tailandesa (batata doce, gengibre e já está).

O que gostas de cozinhar em casa?
Adoro risoto, mas como a minha namorada detesta acabo por não fazer muito. Acabo por fazer mais cozinhar sopas, ratatouille e peixe grelhado, um compromisso entre os gostos de nós os dois.

Sentiram-se bem acolhidos no bairro, bem integrados?
Este é um bairro onde é muito fácil conversar com as pessoas, principalmente no Largo dos Trigueiros e ainda mais porque passeio todos os dias a nossa cadela, a Chica, que é um quebra-gelo. É uma zona fantástica que ainda não esta inflacionada, é um achado!