Fatinha e Alexandre – Nabantinos dinamizam a Mouraria
Trocaram Tomar pela Mouraria e juntos desenvolvem várias atividades na Mouraria, a zona que escolheram para viver. Ela tem uma loja de origami, a Mãos à Dobra, no Largo dos Trigueiros e descobriu a paixão pelo fado. Ele adora jogos de tabuleiro e descobriu uma veia associativa.
Quem entra na Mouraria pelas Escadinhas de S. Cristóvão não consegue ficar indiferente ao mural numa das paredes e onde não faltam as referências ao fado, a figuras características da zona e onde até o padre Edgar está presente. A ideia partiu do MASC, o Movimento dos Amigos de S. Cristóvão, criado em 2010 e do qual fazem parte Fátima Garcia e Alexandre Cotovio.
O casal conheceu-se em Tomar, mais propriamente na aldeia da Linhaceira, mas foi na Mouraria que desenvolveram vários projetos em conjunto. “Sou de Tomar, estudei Sociologia em Coimbra e vim para Lisboa fazer um projeto de fim de curso sobre a Marcha Popular do Bairro Alto”, lembra Fatinha, como é mais conhecida na Mouraria. “O Alexandre estudou em Lisboa e já morava no bairro com um amigo. Quando vim para cá fui morar com eles”.
A adaptação à Mouraria foi fácil e à medida que iam conhecendo mais pessoas nasceu a vontade de criar iniciativas para dinamizar o bairro. “O MASC surgiu de uma conversa com outro casal que morava no mesmo prémio”, conta Alexandre. “Achávamos que a Rua de S. Cristóvão tinha muito potencial e era um desperdício não haver mais atividades. Foi então que decidimos criar um movimento, algo muito informal, e decidimos fazer um espetáculo de fado, na rua, tanto para as pessoas do bairro, como para os visitantes. Com os lucros fizemos o mural das Escadinhas de S. Cristóvão, um local onde passam cerca de dois milhões de pessoas por ano”.
O projeto correu tão bem que ainda hoje é frequente ver fotos de pormenores do mural no Instagram ou Facebook. O próprio Largo dos Trigueiros, onde Fatinha tem a loja de origami Mãos à Dobra, tem uma página de Facebook onde dá a conhecer algumas das atividades que gostam de organizar no Largo, como a biblioteca ou a doação de roupa. “Já faço origami há 15 anos, mas era como hobbie. Depois de ficar desempregada, e como nunca trabalhei na área da Sociologia, optei por abrir a loja no Largo dos Trigueiros. Há meses que são melhores que outros, mas também faço workshops, casamentos e batizados”.
Além do origami, Fatinha descobriu o gosto pelo fado e se antes tinha pavor de cantar em público, agora está a tomar-lhe o gosto e há cinco meses que canta em vários restaurantes da Rua de S. Cristóvão acompanhada por Miguel Loureiro. “O Miguel teve a ideia de trazer o fado para a rua e tem estado a correr muito bem”.
Amantes da gastronomia portuguesa e de pratos típicos, Fatinha e Alexandre elegem o Trigueirinho como o restaurante preferido no bairro. “Porquê? A comida é portuguesa, muito boa e muito barata. Hoje em dia temos de ponderar muito bem os custos e prefiro estar num local onde a comida seja mesmo boa, do que estar num sítio da moda”, diz Alexandre que recentemente se tornou vice-presidente do GGN – Grupo Gente Nova, que esteve à beira de fechar. “A ideia é dinamizar o grupo, que estava um pouco esquecido. Queremos voltar a fazer atividades, estou a tentar organizar torneios de jogos de tabuleiros, para dinamizar um pouco a zona”.