Comidas e estabelecimentos icónicos que os lisboetas adoram
Muito poderia ser escrito sobre as comidas mais icónicas de Lisboa. Poderíamos elogiar os super populares pastéis de nata portugueses, ou falar da importância histórica do bacalhau na nossa cozinha nacional. Poderíamos indicar-lhe onde os lisboetas gostam de sair para beber, ou saciar os seus desejos listando os melhores doces e bolos que simplesmente não pode perder em Lisboa.
Na verdade, já fizemos tudo isso em algum momento ou outro. Tudo faz parte da cultura gastronómica do nosso país! Mas para além destas comidas e factos mais conhecidos, gostaríamos de dar destaque a comidas bastante específicas que os lisboetas adoram e que são, na sua maioria, simplesmente desconhecidas de quem nos vem visitar. Estes são os tipos de pratos e lugares que normalmente não aparecem nos guias de viagens comerciais. São verdadeiras jóias que não só têm um sabor delicioso, mas também deixam um final de boca com paladar de nostalgia para quem as aprecia há muitos e muitos anos. Além disso, falamos de petiscos simples e democráticos que, na sua maioria, são acessíveis para a grande parte da população.
Se quiser sentir-se (quase) como um local quando vai comer fora em Lisboa, recomendamos que experimente os seguintes petiscos e lugares:
Croquetes do Gambrinus
O Gambrinus é um dos estabelecimentos mais emblemáticos da cidade e um dos restaurantes mais antigos de Lisboa. Segundo a boa e velha tradição, simplesmente não se pode ir comer ao Gambrinus e não petiscar um croquete de carne como aperitivo. Os croquetes são um dos salgados mais apreciados em Portugal, preparados com carne desfiada, em formato de tubos gordinhos, panados e fritos e, aqui no Gambrinus, servidos com molho de mostarda caseiro. Pode pensar que estes salgados são algo que poderia comer em qualquer outro lugar, e isso é realmente verdade. Pode comê-los e bem baratos em qualquer café de esquina, então, por que pedi-los quando visita um restaurante chique, onde o longo menu tem muitas outras coisas atraentes que poderia experimentar? Confie em nós (e nos muitos fãs dos croquetes do Gambrinus que andam por aí) quando dizemos que valem mesmo muito a pena! Além disso, é uma tradição para nós, moradores locais, quando fazemos uma refeição especial no Gambrinus.
Porque de facto adoramos croquetes, tal como muitos outros lisboetas também gostam, não podemos deixar de referir que a Pastelaria Califa (Estr. de Benfica 463), no animado bairro de Benfica, também vende uns croquetes incríveis. Está inspirado para fazer um pequeno passeio do croquete por Lisboa? Não deixe de incluir também o Tico Tico (Av. Rio de Janeiro 19) e a Pastelaria Versailles (Av. da República 15 A) no seu delicioso roteiro.
📍Rua das Portas de Santo Antão 23, 1150-264 Lisboa
Imagem cortesia de Time Out Lisboa
Bife à Portugália, naturalmente, na Portugália
A Portugália Cervejaria é o berço de um dos bifes mais famosos de Portugal. Tal como acontece em muitos outros países, pelo menos na Europa, os bifes cozinhados de diversas formas são um dos alimentos chave nos restaurantes e nas casas portuguesas. Adoramos bitoques, bifes relativamente finos com ovo frito a cavalo; bifes à portuguesa, também com ovo frito e uma fatia de presunto bem salgado e de fazer crescer água na boca; e não deixamos de reservar também um cantinho do coração para dedicar um pouco de amor aos bifes cobertos com molhos cremosos. O bife à Portugália pertence a esta última categoria.
O bife à Portugália é essencialmente o bife à moda da casa do restaurante Portugália, um bife na frigideira coberto com o mais saboroso molho “secreto”. Se é realmente secreto é discutível, pois esta é uma receita que encontrará muitas vezes em sites de receitas portugueses e há até vídeos no Youtube dedicados a tentar descodificar o que realmente contém. Pode escolher o seu corte de carne preferido (lombo, alcatra ou filé) e os chefs da Portugália farão questão de regá-lo com uma mistura cremosa de leite, manteiga, mostarda e café, tal como têm vindo a fazer há quase cem anos.
📍Av. Alm. Reis 117, 1150-014 Lisboa
Imagem cortesia da Portugália
Pataniscas d’ A Merendinha do Arco Bandeira
Se é um leitor ávido do nosso blog, já deve saber que Portugal tem um caso de amor com o bacalhau que já dura há cerca de meio milénio. Apesar de se tratar de uma espécie que não é capturada ao largo da nossa costa e de dependermos de importações para satisfazer os nossos desejos, o bacalhau é simplesmente um dos ingredientes mais relevantes no repertório da cozinha portuguesa.
Além dos pastéis de bacalhau, bolinhos de bacalhau em forma de ovo que encontrará facilmente um pouco por todo o país, incluindo na Casa do Pastel de Bacalhau (R. Augusta 106), muito frequentada pelos turistas em Lisboa, há outros fritos de bacalhau que muitas vezes passam despercebidos pelos viajantes. As pataniscas de bacalhau são um deles, mas nós simplesmente adoramos comê-las quer como aperitivo, quer como refeição para levar enfiadas num pãozinho ou, para uma refeição à mesa, servida com arroz malandrinho de tomate e coentros. A Merendinha do Arco da Bandeira, no Rossio, em pleno coração da cidade, tem uma montra onde poderá ver as pataniscas prontas para serem degustadas quando por ali passa. Mas não faça isso, não apenas passe por aqui. Entre e experimente o que tem potencial para ser uma das refeições mais memoráveis (ainda que simples) que poderá desfrutar em Lisboa.
📍Rua dos Sapateiros 230, 1100-581 Lisboa
Imagem cortesia da Evasões
Pão com chouriço d’ A Merendeira
Antes da era das lojas de conveniência e das casas de shawarma, aqui em Lisboa, não havia muitos locais para satisfazer a fome nas altas horas. Além de algumas roulotes estacionadas em locais estratégicos, como a saída das discotecas, havia apenas um estabelecimento onde aquela fome intensa (muitas vezes induzida pela bebida) pudesse ser saciada. Esse lugar era (e ainda é) A Merendeira, no bairro de Santos, mas perto o suficiente para ir a pé desde o movimentado Cais do Sodré.
A Merendeira está aberta quase 24 horas por dia, 7 dias por semana, excepto algumas horas para limpeza, logo de manhã cedo. Especializam-se em pão com chouriço, feito no local. Apesar dos preços serem similares aos estabelecimentos de fast food, n’ A Merendeira tudo é feito de forma artesanal e como nos bons e velhos tempos. Pode ver o pessoal a dar forma aos pães e a colocar uma quantidade generosa de fatias de carne lá dentro. Os pães são assados em forno a lenha de alta temperatura e, à medida que o calor penetra na massa, as fatias de chouriço escondidas liberam uma gordura com paprica fumada que dá sabor ao pão. Não conseguimos pensar numa bucha mais satisfatória (e acessível) depois de algumas bebidas terem sido apreciadas na vida nocturna lisboeta. N’ A Merendeira, por apenas 6 euros, pode saborear um pãozinho de tamanho bastante razoável e bem recheado, uma tigela de caldo verde (uma das sopas mais típicas de Portugal), uma bebida à escolha, um arroz doce como sobremesa e um café expresso. E então, só então, poderá ir para casa e dormir tranquilo com a barriga cheia.
📍Av. 24 de Julho 54, 1200-657 Lisboa
Imagem cortesia d’ A Merendeira
Hamburger do Galeto
Junto com A Merendeira, o Galeto é um dos restaurantes noturnos mais bem estabelecidos de Lisboa. O ambiente por aqui é completamente diferente d’ A Merendeira de que falamos acima. Localizado no Saldanha, o Galeto é um lugar extremamente interessante para comer, mas também para observar pessoas, já que gente de todas as esferas da vida vêm cá parar a meio da noite. Este é um restaurante a sério, com um menu incrivelmente extenso.
Se lhe apetecer um prato típico de polvo às 3 da manhã, vá ao Galego. Quer desfrutar de um bom pequeno-almoço a qualquer hora do dia, claro que também faz parte do menu. Mas e se o seu desejo exigir um suculento hambúrguer de carne de vaca, enfiado num pão brioche caseiro fresquinho? Então o Galeto certamente irá fazê-lo feliz. O Galeto não só serve um dos melhores hambúrgueres de Lisboa, como o faz todos os dias da semana e fins de semana entre as 7h30 e as 3h30. Sabemos que batatas fritas são um pedido habitual quando se come um hambúrguer e, claro, o Galeto também tem batatas fritas caseiras muito boas. Mas, num pequeno toque de excentricidade, adoramos pedir um acompanhamento de esparregado, algo mais comumente pedido quando se come um prato de carne, como seja o espectacular bife à Galeto.
📍Av. da República 14, 1050-191 Lisboa
Imagem cortesia da Visão
Os croissants d’O Careca
Apreciadores de açúcar: alegrem-se! Apreciadores de massa folhada: alegrem-se! Apreciadores de pastelarias de bairro: alegrem-se também! O Careca é um dos templos dos croissants em Lisboa. Ao longo das décadas, O Careca conquistou muitos seguidores, graças à forma como aborda a massa laminada e a molda tanto em formato de meia lugar como em palmiers – tamanho normal e mini (que o desafiamos a parar de comer depois de comer apenas alguns deles). Embora os croissants d’O Careca sejam frequentemente destacados como uns dos melhores croissants de Lisboa, pensamos que estes pastéis deveriam estar quase numa categoria à parte. Afinal, estes têm muito pouco a ver com o habitual croissant folhado à francesa, e também são bem diferentes dos croissants brioche que é muito comum encontrar na habitual gama de bolos das pastelarias portuguesas.
Os croissants do Careca são densos, baixinhos, incrivelmente açucarados (por dentro e por fora também) e, como alguns ficarão felizes em descobrir, são acidentalmente veganos, pois são preparados com margarina vegetal e não com manteiga. Pode apreciá-los simples ou, se preferir combinações doces e salgadas, recheados com fiambre, queijo ou mistos. Há quem diga que os croissants d’O Careca são a maior atração do bairro do Restelo. Então, se ainda não tinha esta zona de Lisboa no seu roteiro de viagem… Bom, agora já sabe.
📍Rua Duarte Pacheco Pereira 11D, 1440-139 Lisboa
Imagem cortesia da Lifecooler
Bolo de morango e chantilly do Frutalmeidas
Nunca uma frutaria teve tão boa reputação como o Frutalmeidas e, curiosamente, isso tem pouco a ver com os produtos frescos que encontra nas caixas para venda ao quilo. O Frutalmeidas é conhecido pelos seus saborosos e saudáveis sumos de fruta, pelos seus não tão saudáveis mas deliciosos pastéis de massa tenra (bolinhos de massa recheados com carne picada cremosa, algo semelhantes às empanadas) e pelos seus bolos irresistíveis.
Têm diversas sobremesas à base de frutas e o bolo de morango e chantilly é simplesmente o mais popular de todos. É bastante simples, com pão de ló fofo que fica úmido com generosas camadas de chantilly e frutas frescas. Mas é uma daquelas sobremesas que tem a quantidade certa de doce e de cremosidade, e que realmente sabe a fruta.+
Se celebrar o seu aniversário em Lisboa e alguém lhe trouxer um bolo do Frutalmeidas, pode concluir que essa pessoa gosta muito de si.
📍Frutalmeidas Roma: Av. de Roma 45, 1700-342 Lisboa
📍Frutalmeidas Saldanha: Rua Pedro Nunes 25, 1050-010 Lisboa
Imagem cortesia do Frutalmeidas
Bolo rei da Confeitaria Nacional
Falando de forma simples, não há Natal em Portugal sem bolo rei. De todas as comidas típicas de Natal em Portugal, esta confecção em forma de coroa tem de ser a mais essencial, pelo menos no que toca a doçaria.
A Confeitaria Nacional é a pastelaria mais antiga e ainda em funcionamento de Lisboa [inserir link para o novo artigo sobre os restaurantes antigos] e faz um dos melhores (se não o melhor) bolo rei da cidade. O que não é surpresa, pois são eles que estão por trás da receita original.
O bolo rei inspira-se no gâteau des rois de França. Foi um padeiro francês que trabalhava na Confeitaria Nacional que adaptou a receita ao gosto português, entre os anos de 1869 e 1870. Este bolo estilo brioche com frutas cristalizadas e frutos secos rapidamente se tornou popular e outras padarias de Lisboa, e depois no Porto e um pouco por todo Portugal, começaram a fazer as suas próprias versões e a comercializá-las. Mesmo assim, até hoje, a Confeitaria Nacional faz o bolo rei mais popular do país. Não é o mais barato da cidade, mas é um deleite no qual vale a pena gastar um pouco durante a época mais festiva do ano, para saborear o bolo em si, bem como participar numa das mais antigas tradições doces de Lisboa.
📍Praça da Figueira 18B, 1100-241 Lisboa
https://confeitarianacional.com
Imagem cortesia da Câmara Municipal de Lisboa no Flickr
Mousse de chocolate do Pap’Açôrda
Os portugueses gostam muito de doces e, regra geral, somos grandes amantes de tudo o que inclui chocolate. No espírito do Dia Mundial do Chocolate, comemorado em Julho, já partilhámos consigo onde pode comer os melhores doces à base de chocolate em Lisboa, e até onde beber o mais delicioso chocolate quente a desfrutar num dia frio na cidade.
Na hora da sobremesa, a mousse de chocolate é um dos doces preferidos dos portugueses. Esta é uma daquelas sobremesas descomplicadas que encontrará na ementa de muitos restaurantes locais e até nas tascas. Mas nem todas as mousses de chocolate são feitas da mesma forma! Enquanto a maioria delas é servida em taças ou tigelas individuais, a mousse de chocolate do restaurante de longa data Pap’Açôrda (originalmente aberto no Bairro Alto, mas agora localizado no 1º andar do Time Out Market Lisboa) é servida no prato de sobremesa mediante pedido. É densa, luxuosa e tem um sabor intenso a chocolate de boa qualidade, não apenas açúcar. Pergunte a qualquer apreciador de mousse de chocolate em Lisboa (e, acredite, há bastantes…) e dir-lhe-ão o mesmo que nós: não complique, vá ao Pap’Açôrda.
📍Av. 24 de Julho 49, 1200-479 Lisboa
Imagem cortesia do Pap’Açôrda
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